sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Intervenção de André Ventura na 10.ª edição da Fábrica 2030


      Aqui fica um exemplo raro do pensamento económico do Doutor André Ventura. Concordo com quase tudo, só não percebo como é que querer aumentar as pensões mais baixas até ao salário mínimo se coaduna com isto.

19 comentários:

Durius disse...

Vi isto hoje de tarde e sabia que ias gostar.

Nao tem muito que ver comigo este tipo de pensamento, ele dá o exemplo da Irlanda que apenas foi buscar empresas pelas regalias fiscais e nao tinha infrastrutura para receber os imigrantes que com isso vieram.

Mas pronto, eu sou bem mais socialista no que respeita á economia mas reconheço que muita coisa deve mudar, nao acho é que a agilização de despedimentos seja o objetivo. As pessoas precisam de ter uma certa acalmia na vida para pensarem ter filhos, o pensamento do Ventura nao vai ao encontro disso

Afonso de Portugal disse...

Tenho de confessar que fiquei surpreendido. Não estava à espera de algumas das coisas que ele disse.

«ele dá o exemplo da Irlanda que apenas foi buscar empresas pelas regalias fiscais e nao tinha infrastrutura para receber os imigrantes que com isso vieram.»

Sim, aliás, os tipos da IL também gostam de dar o exemplo da Irlanda, mas "esquecem-se" sempre de mencionar o que aconteceu com a imigração. Eu também defendo que os impostos para as empresas devem ser tendencialmente baixos… mas as empresas portuguesas só devem empregar estrangeiros se não houver mesmo alternativa. O RFC diz que é isso que acontece no Brá-Zíu e, a ser verdade, é assim que deve ser.

É por isso que as conversa das quotas de imigrantes, sendo muito melhor do que temos actualmente, ainda não me convence. Como foram quantificados os tais 90 mil imigrantes por ano que o entrevistador diz serem necessários? Quais foram os pressupostos assumidos para calcular esse número mágico? Não me agrada a ideia de os patrões poderem simplesmente avançar com um número… eles têm de o justificar!


«nao acho é que a agilização de despedimentos seja o objetivo.»

Sim, eu aqui também tenho reservas. Defendo que os patrões devem poder despedir mais facilmente quem comprovadamente não trabalha. Mas deixar despedir sem restrições parece-me demograficamente suicida.

Durius disse...

"É por isso que as conversa das quotas de imigrantes, sendo muito melhor do que temos actualmente, ainda não me convence. Como foram quantificados os tais 90 mil imigrantes por ano que o entrevistador diz serem necessários? Quais foram os pressupostos assumidos para calcular esse número mágico? Não me agrada a ideia de os patrões poderem simplesmente avançar com um número… eles têm de o justificar!"


Nao so as conversas das quotas mas tambem do pessoal qualificado. Muito honestamente nos nao precisamos de fisicos ou engenheiros brasileiros, primeiro porque nao tem a nossa qualidade pelo que tenho observado, segundo porque fazem á la indiana e so contratam dos deles quando chegam a cargos de poder e terceiro porque a nossa economia nao precisa de uma quantidade e qualidade enorme nesse nivel, os nossos chegam, se tivessemos uma nasa, uma tesla etc... algo que so pudessemos buscar aqui dentro ainda que percebia, mas olha Taiwan, nao ves muitos estrangeiros na industria dos chips e isso até é bom.

O que a economia precisa agora é principalmente trolhas e coisas do genero, e precisa porque se criou artificialmente com a imigracao uma demanda desse aspecto.

Ele ja falou da questao das quotas mas as quotas tendencialmente tendem a ser um mecanismo de subversao do que qualquer outra coisa, é por isso que nao gosto de ir por ai.

A geringonca acabou com aquele lei que as empresas tinha que ter no maximo 30% de nao portugueses, e depois foi o que foi, digo-te que muitas empresas no norte de tecnologia ja devem ter 50% ou erm alguns casos maioria zuca e a qualidade piorou, nao melhorou.

"Não me agrada a ideia de os patrões poderem simplesmente avançar com um número… eles têm de o justificar!"

Disseste tudo, sempre que poes a pergunta aos patroes eles vao precisar de mais, mas nos tamos com portugueses jovens que nao conseguem trabalho.

"Sim, eu aqui também tenho reservas. Defendo que os patrões devem poder despedir mais facilmente quem comprovadamente não trabalha. Mas deixar despedir sem restrições parece-me demograficamente suicida."

Sim, eu ja fui nao renovado por causa de um problema com um colega de trabalho, a justiicacao para a nao renovacao foi vaga... isto é recorrente nas empresas.

Afonso de Portugal disse...

«nao precisamos de fisicos ou engenheiros brasileiros, primeiro porque nao tem a nossa qualidade pelo que tenho observado, segundo porque fazem á la indiana e so contratam dos deles quando chegam a cargos de poder e terceiro porque a nossa economia nao precisa de uma quantidade e qualidade enorme nesse nivel»

Tens toda a razão, mas é muito difícil explicar isso a quem não conhece o nosso meio. Eu sinto muitas dificuldades em explicar às pessoas que os brasileiros só contratam outros brasileiros. Curiosamente, as pessoas que mais acreditam em mim tendem a ser as pessoas de condição social mais baixa, que já tiveram o azar de privar com os zucas. Os trolhas portuguese, por exemplo, dizem quase sempre que não podem com os brasileiros.

Já os senhores doutores ficam quase sempre muito escandalizados e dizem sempre que não têm essa experiência.


«digo-te que muitas empresas no norte de tecnologia ja devem ter 50% ou erm alguns casos maioria zuca e a qualidade piorou, nao melhorou.»

Claro. Se eles fossem bons, o Brá-Zíu não seria a merda que é. Aliás, os poucos profissionais de qualidade que aquele país vai produzindo tendem a ficar todos por lá, porque a concorrência é fácil de superar.


«eles vao precisar de mais, mas nos tamos com portugueses jovens que nao conseguem trabalho.»

E até mesmo uma grande parte dos imigrantes está sem trabalho. É por isso que eu não consigo compreender estes números. Estes empresários parecem querer criar problemas sociais graves de propósito.


«a justiicacao para a nao renovacao foi vaga... isto é recorrente nas empresas.»

Já me aconteceu há muitos anos. Fiz uma bateria de testes, fui entrevistado e disseram-me que era o candidato escolhido, mas depois a vaga acabou por não abrir. O que e desconfio é que a vaga foi transferida outra cidade para eles poderem contratar uma pessoa "especial"...

Durius disse...

"Se eles fossem bons, o Brá-Zíu não seria a merda que é."

Exato, tens paises na Europa tipo Finlandia que com metade da nossa populacao deram mais ao mundo que o Brasil desde que foi independente, Nokias, Rovios etc... Suecia igual, Dinamarca igual.... qualidade é melhor que quantidade, e organização entao é mesmo o ideal.


Olha, intuitivamente quero remigração e acabar quase de vez com a imigracao. Vejo mais vozes destas na Europa e vamos ver.

Durius disse...

" Os trolhas portuguese, por exemplo, dizem quase sempre que não podem com os brasileiros."

Trabalho num part time mais fisico, e o pessoal tambem nao vai com os zucas, la tem de aguentar com ele, mas especialmente os mais novos nao gostam deles.

Mesmo os nossos trolhas sempre foram profissionais,e eu tenho familiares trolhas, e eu raramente conheço brasileiros com o mesmop nivel de profissionalismo que nos, mas la esta...

Durius disse...

Outra coisa que fiquei de pé atrás foi ele a falar sobre o teletrabalho, notou-se que nao estava á vontade, o teletrabalho é essencial para melhorarmos muita coisa e pode ser uma das ajudas para reconquistar e repovoar o pais.

Osbert of Bawdsey disse...

>>> A MINHA ANÁLISE DO VIDEO:
Foi um vídeo muito interessante, mas não concordo com tudo o que o Ventura pretende.

>>> POLÍTICA EMPRESARIAL:
Concordo com o Ventura quando diz que o sistema fiscal (o salarial também) destrói as empresas. Dede 2018 que no meu sector de actividade fecha uma empresa por ano.

>>> COMPETITIVIDADE:
O Ventura disse que o tamanho do mercado não é relevante para a economia, MAS EU GARANTO QUE É... E o mercado mais aberto que o túnel de São Bento, também prejudica muito (pelo menos no meu sector).

>>> IRS / IRC:
Sim, está muito alto para ambos os casos!... No meu entender é preferível uma taxa única, isto porque, a partir de uma determinada posição na hierarquia da empresa (entenda-se gestor, administrador ou alta chefia) a tabela salarial não conta para nada. Sei do que falo porque lido de perto com essa gente. Nesse tipo de lugares, é o empregado que diz ao patão quanto quer levar para casa e as regalias que quer ter (ex: carro, seguro de saúde, etc.), logo portanto, o salário bruto desse tipo de empregados é calculado de "baixo para cima" e não o contrário como nos trabalhadores ditos normais (como eu).
Exemplifico aqui de forma simplista o que eu já assisti em todas as empresas onde trabalhei. Então, na prática processa-se assim:
O empregado diz ao patrão que quer levar para casa 10.000 euros mensais limpos, o escalão de IRS para esse valor é de 40%, logo portanto o patrão faz as contas e sabe que o salário bruto desse empregado terá de ser 16.660 euros mensais.
Logo portanto a tabela de escalões de IRS é só para tapar os olhos à raia miúda e aos ignorantes.

>>> QUADRO DE PESSOAL POR FAIXA ETÁRIA:
A lei laboral devia obrigar as grandes e médias empresas a contratarem empregados por faixa etária de acordo com a realidade demográfica do país. O que se assiste é sempre a contratação de jovens até aos 35 anos, daí em diante só por cunhas.
Actualmente as quotas só são raciais ou a deficientes.

Bem, tinha mais uns pontos a focar, mas vou ficar por aqui senão a resposta vai parecer um romance! 😃

Osbert of Bawdsey disse...

Ah!... Já em ia esquecer:
As fronteiras abertas à imigração descontrolada só interessa aos Hipermercados, ás Imobiliárias e aos Bancos, pois quanto mais consumidores melhor.
Ainda não é possível encomendar da China pela internet arroz, batatas, frutas e legumes.

Afonso de Portugal disse...

«Finlandia que com metade da nossa populacao deram mais ao mundo que o Brasil desde que foi independente»

Muito bem resumido, é esse mesmo o cerne da questão. Por muito que os nossos adversários queiram repetir o chavão do "somos todos iguais", ou "temos todos sangue vermelho", ou "somos todos seres humanos", as diferenças de desempenho ente povos são impossíveis de negar.

«especialmente os mais novos nao gostam deles.»

Os mais velhos, infelizmente, têm muito aquela atitude de "já só tenho de aguentar mais uma ou duas décadas, não vale a pena chatear-me". Nós, os que ainda temos pelo menos meia vida laboral pela frente, é que temos de lidar com a competição directa e quase sempre injusta que os zucas nos estão a criar.


«o teletrabalho é essencial para melhorarmos muita coisa e pode ser uma das ajudas para reconquistar e repovoar o pais.»

Plenamente de acordo. Mas até aí se vê uma diferença em relação a nós: o empregador "tuga" médio é muito mais compreensivo quando um estrangeiro pede para ficar em teletrabalho do que quando um português pede para ficar em teletrabalho. É uma coisa dos diabos, é quase como se eles estivessem a viverr em modo "beginner" e nós em modo "hard"!

Afonso de Portugal disse...

Concordo plenamente contigo na parte da dimensão do mercado. Não me parece que o Ventura esteja a ver essa parte bem.

Tenho uma experiência semelhante à tua com os "empregados" de nível administrativo, apesar de não conhecer ninguém que ganhe 10 mil €/mês. Mas conheço alguns que ganham entre 5 e 6 mil e é precisamente isso que eles fazem. Alguns até conseguem meter gasolina no carro da mulher e depois passar a conta à empresa!

Também concordo contigo em relação à idade do pessoal. Há pessoas na casa dos 40 e 50 anos que se tornam desempregados de longa duração, quando a maior parte deles ainda trabalha tanto ou mais do que a malta nova. O problema é que as empresas não querem pessoas com "vícios", i.e. pessoas com a experiência de vida suficiente para não se sujeitarem a condições de trabalho precárias ou a salários injustos.

Não tenhas problemas em escreves demais, meu caro… tu és daqueles que deixa sempre contribuições valiosas! 👍

Afonso de Portugal disse...

Lá chegara o dia!

Mas eu continuo a ouvir muita gente "de direita" a dizer que não percebe como é que os herdeiros do Belmiro continuam a sustentar o Público. EU respondo-lhes sempre: "Como assim, não percebem? Foram a um Continente recentemente? Olharam bem para a fronha dos clientes? É que só não percebe quem for ceguinho!!!!"

Durius disse...

"Plenamente de acordo. Mas até aí se vê uma diferença em relação a nós: o empregador "tuga" médio é muito mais compreensivo quando um estrangeiro pede para ficar em teletrabalho do que quando um português pede para ficar em teletrabalho. É uma coisa dos diabos, é quase como se eles estivessem a viverr em modo "beginner" e nós em modo "hard"!"

Mas é que é isto a 100%

Ja te disse que uma das zucas que trabalhava comigo convenceu os gajos a deixarem trabalhar remotamente porque supostamente mudou-se aleatoriamente para Lisboa ahahahahaha grande peta, e afinal estava sempre no Porto, eles desconfiavam mas deixavam na mesma, se fosse tuga ja estava. E nao é so nisto, em montes de outras coisas as benesses aos zucas sao absurdas, e os patroes gostam porque sabem que têm os zucas na mao.

Durius disse...

Sim, por acaso no continente que frequento é grande mas tem poucos ou nenhuns alogeneos, se bem que tendenciamente tendem a contratar agora imigrantes zucas e venezuelanos.

Afonso de Portugal disse...

Venezuelanos? 😮 Essa é nova...

Afonso de Portugal disse...

«afinal estava sempre no Porto

E não lhe fizeram nada depois de o terem apanhado???


«os patroes gostam porque sabem que têm os zucas na mao.»

É o que eles julgam. Eu sei de vários casos de zucas que se piraram daqui para fora logo que arranjaram melhor... até nisso a nossa "cultura" empresarial é tapadinha!

Osbert of Bawdsey disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Osbert of Bawdsey disse...

«Não tenhas problemas em escreves demais, meu caro… tu és daqueles que deixa sempre contribuições valiosas! 👍»
Obrigado pelo elogio, caro Afonso!... Fico satisfeito em saber que aprecias os meus comentários. 😊
Abraço.

Afonso de Portugal disse...

É claro que aprecio, caríssimo! Só é pena sermos poucos! Mas mais vale poucos e bons, do que muitos e vulgares! Grande abraço!