quarta-feira, 2 de abril de 2025

Sobre o "Dia da Libertação" tarifária imposto pela Administração Trump


         Muito se tem dito e escrito sobre as tarifas impostas pela Administração Trump a quase todos os países do mundo. Eu não sei qual será o resultado final desta imposição, nem para os EUA, nem para o resto da humanidade. Em rigor, ninguém sabe, por mais que os adversários do Presidente Trump e os "especialistas" em Economia asseverem o contrário.

Mas hoje, ao ver a lista dos países contemplados e as respectivas tarifas pagas ou a pagar em cada caso, cheguei rapidamente a uma conclusão: se as tabelas que vos mostro a seguir (fonte) estiverem correctas - e só faço esta ressalva porque elas vêm directamente da Casa Branca - tem havido muita gente a encher a barriga à pala dos EUA: 

 

 

 

As tabelas acima têm três colunas. A primeira, mais à esquerda, tem os nomes dos países visados (e.g. China, União Europeia, etc.). A segunda, ao centro, contém as tarifas cobradas aos EUA pelos países visados, em percentagem. Por fim, a coluna mais à direita (a cor amarela) mostra as tarifas "recíprocas" impostas pela Administração Trump hoje, 2 de Abril de 2025, aos países visados.

Assim, podemos ver, por exemplo, que a China, logo na primeira linha da primeira tabela, impõe tarifas de 67% aos bens exportados pelos EUA, enquanto os EUA só cobram 34% aos bens importados a partir da China. Na verdade e no caso específico da China, a estes 34% têm de ser adicionados outros 20% que já estavam em vigor, elevando o valor total das tarifas aplicados aos produtos chineses para 54%.

Ao olhar para as tabelas no seu todo, apercebemo-nos de um dado muito curioso que eu nunca vi mencionado por nenhum opinador ou comentadeira cá do burgo: mesmo depois das tarifas anunciadas hoje (coluna a cor amarela),  praticamente todos os países cobram mais aos EUA do que os EUA cobra a esses países. A excepção são os países que apenas cobram tarifas de 10% aos EUA e que agora passaram a ser taxados na mesma medida.

Portanto, ao contrário do que se tem escrito na esmagadora maior parte da imprensa europeia, as tarifas impostas pela Administração Trump não são completamente descabidas, muito menos surgem por mero capricho do Presidente Trump. Havia, aliás, de facto uma grande injustiça na forma como alguns países taxam os bens exportados pelos EUA enquanto usufruem de tarifas mais baixas para colocar os seus produtos nos EUA.
 
Lamento, mas eu não consigo perceber, olhando para as quatro tabelas mais acima, como é que alguém pode achar que o Presidente Trump está errado nesta questão. A prosperidade de uns não pode ser conseguida à custa dos outros. Em princípio, as tarifas devem ser iguais para todos, podendo haver algumas excepções pontuais em caso de guerra ou de escassez específica de certos bens e matérias-primas.


Sem comentários: