sábado, 25 de maio de 2024

Rui Ramos sobre o caso do "linchamento" da "criança nepalesa de 9 anos"


Um dos poucos que se aproveita no Observador da direitinha. E escreve português verdadeiro, não aderiu ao aborto ortográfico!

«A actualidade continua a não nos faltar com pequenos factos luminosos. O último foi este: em escola de Lisboa, uma “criança nepalesa de 9 anos” teria sido “linchada” por colegas da sua idade, ébrios de “xenofobia e racismo”. Foi sobre isto que, durante um dia, o país que comenta foi exortado a indignar-se. Mas ainda o campeonato de retórica virtuosa ia a meio, e houve dúvidas. Primeiro, sobre o “linchamento”; a seguir, sobre os supostos autores; e finalmente, sobre a “criança nepalesa de 9 anos”. De repente, o país comentador pressentiu que talvez nada tivesse existido: nem linchamento, nem criança. Perguntar-me-ão: e esse país, de indignação tão pronta, não se indignou outra vez com a falsidade da notícia? Não, não se indignou. Calou-se. Passou à frente. Porquê? Porque esta notícia falsa foi uma ocasião para exalar superioridade moral contra a “xenofobia” e o “racismo”. Como tal, foi uma boa notícia falsa. Serviço público, como dizem os entusiastas.

(...) A propósito de imigrações, todos queremos acreditar na “integração” dos imigrantes. Ora, nada mais contrário a isso do que esta indústria de suposto “anti-racismo” que vive de linchamentos que não aconteceram e de crianças que não existem. Eis o que, com notícias como as da escola de Lisboa, diz aos imigrantes: “Cuidado, vocês chegaram a Portugal, o país mais racista do mundo, onde até há um Ku Klux Klan infantil que organiza linchamentos de crianças estrangeiras nas escolas”.

Não há nada que a extrema-esquerda mais receie do que ver os imigrantes integrarem-se nas sociedades ocidentais, como se integrou a velha “classe operária”. Deseja vê-los confinados em guetos, inseguros e desconfiados, e assim disponíveis para a guerra santa contra o capitalismo e a democracia liberal. Porque o “racismo”, como os doutores da extrema-esquerda ensinam, é um efeito do capitalismo e do liberalismo, e só desaparecerá quando Portugal for uma radiosa Coreia do Norte.

A extrema-esquerda instalou-se nas instituições e, através do movimento woke, alargou a sua influência até onde não costumava chegar, como as grandes empresas. Não se “moderou”: continua tão inconformada como em 1917 com a economia de mercado e com o pluralismo político. Os problemas sociais só lhe importam na medida em que os possa transformar em princípios de guerra civil. É isso que tenta fazer com as imigrações. A equanimidade com que são recebidas notícias falsas sobre episódios de racismo dá ideia do que já conseguiu.»
Perfeito! Eu próprio ando a dizer isto na blogosfera e no YouTube há vários anos: a Esquerda olha para os imigrantes como a sua força revolucionária, o tal "proletariado" de que Marx falava. Quer usá-los para tomar o poder, para alterar irreversivelmente a sociedade portuguesa. Mas ao contrário do Rui Ramos, eu não acho que seja preciso uma guerra civil. Para a vitória da Esquerda ser total, bastará a naturalização dos imigrantes em grandes números, levando à subversão da democracia através do seu voto em eleições portuguesas.

2 comentários:

Ricardo A disse...

A imigração está tornar-se no tema que mais divide os europeus e que mais pode determinar quem vence nas eleições europeias. Até ao ponto de ameaçar o futuro da democracia e do modo de vida na Europa?
https://observador.pt/2024/05/28/a-imigracao-e-uma-ameaca-a-democracia-europeia-ligue-910024185-e-entre-em-direto-no-contra-corrente/

Afonso de Portugal disse...

Muito obrigado pelo podcast, caro Ricardo! Vou ter mesmo de o ouvir, dada a pertinência do tema. Infelizmente, vindo desses dois direitinhas, não espero quaisquer soluções...