sexta-feira, 24 de maio de 2024

Um direitinha que escreve regularmente no Observador esfarrapa os outros direitinhas do mesmo jornal


Quando escreveu o que transcrevo a seguir, o João Marques de Almeida dificilmente estaria preocupado com o Chega em si, mas sim com a forma como os mé(r)dia acabam por dar fôlego ao Chega. Ainda assim, a sua análise parece-me francamente meritória:

«Os jornalistas não analisam os debates do candidato do Chega com o mínimo de objectividade. Atacam simplesmente os candidatos do Chega, sejam eles quem forem, digam o que disserem. Aparece o Chega, e os jornalistas perdem qualquer resto de racionalidade que ainda possuam. É assim nas televisões, nos jornais e até no Observador.
As prestações de Tânger Correia estão longe de ser brilhantes, são muitas vezes confusas, mas considerá-lo invariavelmente o pior em todos os debates é simplesmente irracional. Por exemplo, os candidatos do Livre e do PAN mostraram uma ignorância atroz sobre a Europa em geral, falam através de lugares comuns e chavões ideológicos sem qualquer capacidade de um raciocínio um pouco aprofundado, e apenas preocupados em colocar o candidato do Chega na “extrema direita.” A incapacidade de perceber que as prestações de muitos candidatos foram mais fracas do que as de Tanger Correia só pode ser explicado por um vírus que se espalhou pelo jornalismo lisboeta, chamado Chegofobia.

Sobre a guerra na Ucrânia, o candidato do Chega tem exactamente a mesma posição do PS, da IL e da AD, ao contrário dos cabeças das listas do PCP e do Bloco. Na imigração, tem sido absolutamente claro: é apenas contra a imigração ilegal; nada mais. A sua preferência pela imigração brasileira foi muito atacada. Mas apenas exprimiu, de um modo trapalhão, a política oficial do Estado português. Os imigrantes brasileiros e dos países africanos de língua portuguesa têm privilégios diferentes de todos os outros imigrantes. Está na lei, e nunca ouvi algum partido opor-se a essa política do Estado português.»

13 comentários:

Ricardo A disse...

Apesar de tudo (comparando com o resto) o Observador ainda nos permite o acesso a certos comentadores mais esclarecidos e assertivos, por exemplo:

Os alegados limites da liberdade de expressão dos deputados
A extrema-esquerda e seus acólitos querem aproveitar a ocasião para instituir um mecanismo sancionatório oficioso cujo objectivo é limitar a expressão das opiniões da outra banda.

24 mai. 2024, 00:12

https://observador.pt/opiniao/os-alegados-limites-da-liberdade-de-expressao-dos-deputados/

Afonso de Portugal disse...

Sim, é verdade, temos o Alberto Gonçalves, a Helena Matos, o José Manuel Fernandes e o Rui Ramos a pagar (assinatura), mas depois também temos outros de graça como o João Pedro Marques e o Luiz Cabral de Moncada.

Ainda assim, falta-nos um espaço mediático mais próximo do nosso campo ideológico, assumidamente anti-imigração ou, pelo menos, pelo controlo severo da imigração.

O mais triste é que não é apenas "a extrema-esquerda e seus acólitos" que "querem instituir um mecanismo sancionatório oficioso" para limitar a liberdade de expressão. O recuo de Aguiar-Branco e a tibieza de Sebastião Bugalho mostram que a direitinha, na prática, também quer.

Muito obrigado pelo link, meu caro!

Durius disse...

"Alberto Gonçalves, a Helena Matos, o José Manuel Fernandes e o Rui Ramos"

Gosto da Helena Matos nestes todos, os outros têm sempre muito que se lhe diga. Mas a propria Helena Matos não gosta muito do Chega.

Afonso de Portugal disse...

O Alberto tem o defeito de ser muito pró-sionista, mas parece-me o mais coerente de todos. A Helena está sempre a queixar-se dos ciganos e de outras "minorias", mas depois acha que o Chega vai longe demais. O JMF ainda é pior do que ela neste capítulo. Critica os "wokes", mas depois nunca explica como acabar com eles, politicamente falando.

E eu acho - não posso provar, mas acho - que foi ela que me bloqueou há uns anos no blogue Blasfémias.

Durius disse...

"O Alberto tem o defeito de ser muito pró-sionista, mas parece-me o mais coerente de todos."

No entanto esse defeito é o que me incomoda nele, parece ser esquesito honestamente, mas isto sou eu a ser desconfiado....

O JMF não era maioista ou lá que é quando era novo? É um direitinha com muitas tendências para a esquerda.

Sim, a Helena Matos não é do nosso campo ideológico isso tenho a certeza, mas é das unicas que tem coragem e que diz coisas que nao interessam ao sistema. Certamente nunca apoiaria ou apoiará o Chega.

Já agora, tu corres 2 vezes por semana não é, dissesteme á algum tempo. Ando a fazer bicicleta todos os dias, achas que dá o mesmo beneficio? Fora os outros treinos de ginasio (em casa) que faço claro.

Afonso de Portugal disse...

«O Alberto tem o defeito de ser muito pró-sionista, mas parece-me o mais coerente de todos.»

Bem, o Caturo também é pró-sionista, e não é por isso que as suas credenciais nacionalistas ficam em causa. Mas compreendo perfeitamente a tua desconfiança, o Alberto já tem idade suficiente para perceber que os (((eleitos))) não são de confiar. O Jordan Peterson é a mesma coisa, dá a sensação que têm o rabo preso.
Por falar em Caturo, parece que ele vai conceder uma entrevista ao Cagalhão NB logo à noite. Será uma rara oportunidade de o veres em carne e osso, caso nunca o tenhas feito.


«O JMF não era maoista ou lá que é quando era novo? É um direitinha com muitas tendências para a esquerda.»

Era, sim senhor. Mas ele agora é claramente do PSD. Defende o MaçomNegro sempre que pode e até já se chateou uma vez com a Helena no programa deles (contra-corrente) por ela ter defendido o diálogo com o Chega.

«Já agora, tu corres 2 vezes por semana não é, disseste-me á algum tempo. Ando a fazer bicicleta todos os dias, achas que dá o mesmo beneficio?»

Entre duas a três vezes, sim. Não sei dizer se a bicicleta é melhor ou pior, praticamente não ando de bicicleta e desconheço a ciência dos benefícios por trás da coisa. O que mais tenho lido em artigos científicos recentes é que o treino de resistência com pesos é tão ou mais importante do que o treino aeróbico, sobretudo a partir dos 40 anos, por ser a única forma de mantermos a nossa massa muscular face ao declínio natural dos nossos níveis de testosterona.

Durius disse...

"O Jordan Peterson é a mesma coisa, dá a sensação que têm o rabo preso."

Nao gosto muito dele, mas tambem fiquei com essa impressao nos poucos videos que vi.

Quem é o Cagalhao NB? Já o tinha visto em videos do PNR na altura.

"Entre duas a três vezes, sim. Não sei dizer se a bicicleta é melhor ou pior, praticamente não ando de bicicleta e desconheço a ciência dos benefícios por trás da coisa. O que mais tenho lido em artigos científicos recentes é que o treino de resistência com pesos é tão ou mais importante do que o treino aeróbico, sobretudo a partir dos 40 anos, por ser a única forma de mantermos a nossa massa muscular face ao declínio natural dos nossos níveis de testosterona."

Certo, leio bastante sobre isso. Ainda ha pouco li sobre os ciclistas do tour viveram em media mais uns 7 anos que populacao geral.

Em relação ao treino de resistencia concordo a 100%. Já li muito sobre o assunto para estar devidamente elucidado.

Afonso de Portugal disse...

«Nao gosto muito dele, mas tambem fiquei com essa impressao nos poucos videos que vi.»

Quando ele era professor na Univ. Toronto, ele dizia muitas coisas acertadas. Mas depois de ter entrado para o Daily Wire (do "eleito" Ben Shapiro), ele começou a alinhar cada vez mais pelo liberalismo e pelo individualismo.

Não sei se estás a par do caso Candance Owens. A Candance era uma "jovem" que trabalhava para o Shapiro, mas acabou por ser despedida por dizer mal de Israel e dos "eleitos". O Peterson recusou-se a comentar esse caso. Não é nada bom sinal...


«Quem é o Cagalhao NB? Já o tinha visto em videos do PNR na altura»

Olha, muito sinceramente, é uma das razões pelas quais o PNR nunca foi a lado nenhum. É um daqueles indivíduos que se acha o máximo, mas que depois nem falar sabe. Antagoniza tudo e todos, cria inimigos escusadamente. É a ele que o Carlos Dias chama "Portus".

Não sei por que carga de diabos é que o Caturo aceitou falar com ele, mas eu recomendo distância.


«Ainda ha pouco li sobre os ciclistas do tour viveram em media mais uns 7 anos que populacao geral.»

Isso eu não sabia. Sete anos é uma diferença considerável. Sabes-me dizer se isso se aplica a todos os ciclistas do tour ou apenas àqueles que continuaram a praticar exercício depois da reforma?

Durius disse...

"cada vez mais pelo liberalismo e pelo individualismo."

Que é precisamente o jogo dos "eleitos". Se o jogarmos perdemos á partida, temos que jogar o nosso jogo como certos pintores fizeram. E isso passa por um sistema misto em que cabe ao estado regular, nao controlar ou proibir, e um sentido forte de comunidade, nada disto acontece por exemplo na superpotencia mundial controlada pelos "eleitos".

Nao conheço muito sobre a Candance Owens nao.

"Olha, muito sinceramente, é uma das razões pelas quais o PNR nunca foi a lado nenhum. É um daqueles indivíduos que se acha o máximo, mas que depois nem falar sabe. Antagoniza tudo e todos, cria inimigos escusadamente. É a ele que o Carlos Dias chama "Portus"."

É aquele meio loiro um bocado gordinho?
Sim, esse não vai lá, não é com esse que chegamos ao poder, temos de ser criteriosos nisso.

"Não sei por que carga de diabos é que o Caturo aceitou falar com ele, mas eu recomendo distância."

Parece-me a mim que o Ergue-te tambem já estará a perceber que perde espaço para Chega e ADN no espaço nacionalista, e ainda á pouco ouvi falar de um partido liberal social que talvez ou nao venha para o nosso meio, terei que pesquisar mais.



Sobre o artigo do tour afinal sao 8 anos:

Consequently we set out to determine the longevity of the participants in the Tour de France, compared with that of the general population. We studied the longevity of 834 cyclists from France (n ¼ 465), Italy (n ¼ 196) and Belgium (n ¼ 173) who rode the
Tour de France between the years 1930 and 1964. Dates of birth and death of the cyclists were obtained on December 31st 2007. We calculated the percentage of survivors for each age and compared them with the values for the pooled general population of France, Italy and Belgium for the appropriate age cohorts. We found a very significant increase in average longevity (17%) of the cyclists when compared with the general population. The age at which 50% of the general population died was 73.5 vs. 81.5 years in Tour de France participants.
Our major finding is that repeated very intense exercise prolongs life span in well trained practitioners. Our findings underpin the importance of exercising without
the fear that becoming exhausted might be bad for one’s health (Fig 2).


No proprio paper a fazerem o estado da arte existe a seguinte nota:

To date, longevity studies of elite athletes have been relatively sparse and the results are somewhat confl icting [19, 20] . In one report comingout of a single country (Finland), athletes participating in multiple sports were tracked for longevity, and it was reported that long-distance runners and cross-country skiers live signifi cantly longer than
the general population [10, 11] . In contrast, a second study showed that individuals whose energy expenditure is in the range of 3 500 kcal per week exhibit a mortality rate higher than that of the sedentary population [16] .




O metodo escolhido foi que tinham de ser da Belgica Franca e Italia porque tinham muitos estudos demograficos para comparar e tinha de ter feito todas as etapas do tour num determinado periodo 1930-1960 ja que nessa altura faria que a maioria tivesse ja morrido e sabemos tambem que nao teriam tido doping. Nao é considerado o que fizeram a seguir á parte profissional, foi um estudo puramente estatistico.

Afonso de Portugal disse...

«É aquele meio loiro um bocado gordinho?»

"Um bocado" é favor. Sim, é esse mesmo.


«Parece-me a mim que o Ergue-te tambem já estará a perceber que perde espaço para Chega e ADN no espaço nacionalista»

Já deviam ter percebido logo em 2019, quando o Chega entrou em cena nas Legislativas e os comeu vivos. Infelizmente, a autocrítica não parece ser o forte dos nacionalistas. Nisso, os nossos inimigos têm sido vastamente superiores.


«longevity studies of elite athletes have been relatively sparse and the results are somewhat conflicting»

Pois, daí eu ter perguntado se havia forma de saber se os ciclistas tinham continuado a treinar depois da reforma. Dou-te dois exemplos aqui em Portugal: o Carlos Lopes (maratonista olímpico) e o Figo (jogador de futebol).

Assim que se reformou, o Carlos Lopes ficou uma bola no espaço de apenas alguns meses. O Figo, pelo contrário, ainda tem um físico de fazer inveja a muitos jovenzinhos de 20 anos. Qual é que tu achas que, em princípio, vai viver mais anos? Não é difícil de apostar...

Mas obrigado pelos detalhes... não deixa de ser um estudo MUITO interessante.

Durius disse...

"Assim que se reformou, o Carlos Lopes ficou uma bola no espaço de apenas alguns meses. O Figo, pelo contrário, ainda tem um físico de fazer inveja a muitos jovenzinhos de 20 anos. Qual é que tu achas que, em princípio, vai viver mais anos? Não é difícil de apostar..."

Curiosamente acho que um dia passei por aquela avenida do Marques de Lisboa e estava o Figo a correr, nao me lembro quando foi, mas sim o gajo ainda tá ai para isso.

Quem tambem mudou muito mas numa vertente diferente foi o Fernando Torres e o Ozil que ficaram bodybuilders.

Olhas para o Figo e para o Ronaldo (fenomeno), notas logo quem dá tudo para manter a forma claro.


«longevity studies of elite athletes have been relatively sparse and the results are somewhat conflicting»

Isto é porque existem alguns em que atletas que tinham condições á partida de coração etc.. viram esses problemas exacerbados e muitos morreram. Hoje em dia com doping e esteroides fica ainda mais dificil fazer estes estudos, por isso esta época seria a melhor.

Afonso de Portugal disse...

«Isto é porque existem alguns em que atletas que tinham condições á partida de coração etc.»

Sim, isso é verdade, mas mesmo entre pessoas saudáveis, não me parece nada adequado comparar atletas profissionais com a população em geral sem sabermos o que esses atletas fizeram depois da reforma.

Um atleta de alta competição que se reforme aos 35 anos, por exemplo, pode perder os benefícios de todo o exercício que fez durante a sua juventude se depois não fizer mais nada, comer mal, beber, fumar, não dormir, etc.

Uma pessoa normal, por outro lado, pode compensar a falta de exercício na juventude com uma vida saudável e regrada.

O que eu desconfio é que a maioria dos ciclistas do estudo deve ter mantido um certo nível de actividade física pós-reforma. Isso, a confirmar-se, explicaria a maior longevidade só por si.

Durius disse...

"O que eu desconfio é que a maioria dos ciclistas do estudo deve ter mantido um certo nível de actividade física pós-reforma. Isso, a confirmar-se, explicaria a maior longevidade só por si."

Sim até porque ciclismo é um vicio, quem gosta gosta mesmo.

Eu faço em casa mas tenho familiares que foram juniores por equipas nacionais etc...

Eu adoro ver o tour e aquilo nao tem nada que se lhe diga loool

Mas sim é possivel.