E digo-vos mais, eu já vi isto antes. Nas Eleições Europeias Maio de 2019, o partido Ergue-te, então PNR, também tinha obtido um resultado fraco, passando de 15 036 votos em 2014 para 16 163 votos em 2019. Cinco meses depois, nas Legislativas de Outubro de 2019, o PNR colapsou e nunca mais voltou a recuperar. No domingo passado (Europeias de 2024), teve apenas 8 540 votos.
É evidente que o Chega não é o Ergue-te, mas há aqui alguns paralelismos preocupantes. Os dirigentes do Ergue-te nunca assumiram a sua parte da culpa pela queda vertiginosa do partido, culparam sempre o sistema, a falta de meios, a pouca visibilidade jornalística e a popularidade do André Ventura, um "homem do regime", segundo eles. Nunca reconheceram a sua impreparação flagrante e o seu amadorismo político - que, muitas vezes, chega a ser confrangedor-, nem nunca deram o devido crédito ao adversário.
Agora estou a ver os dirigentes do Chega a sacudir a água do capote e não consigo deixar de ter uma sensação de déjà-vu... espero sinceramente, que os dirigentes do Chega tenham uma mensagem diferente nos bastidores, porque esta sua mensagem "para fora" deixa muito a desejar!
12 comentários:
A mim tambem me preocupam, autocritica é necessaria para se seguir em frente.
Nem mais. O que eu espero é que façam pelo menos essa autocrítica internamente...
Mas de notar que nem TU votaste, ahahaha
Sim, mas eu fui votar, os eleitores do Chega, em geral, não foram. É por isso que eu não acredito que os meus motivos sejam representativos. O Ergue-te só teve mais 2500 votos do que tinha obtido nas Legislativas. Portanto, o problema não foram as pessoas como eu, mas sim os outros 780 mil que tinham votado no Chega em Março mas quer agora nem sequer foram votar. Agora é preciso perceber porque é que eles não foram votar.
Eu acho que eles não foram votar por duas razões fundamentais: (1) por causa do cabeça-de-lista, que era demasiado fraco; (2) porque o eleitorado do Chega não compreende a importância das eleições europeias.
A primeira razão representará cerca de 80% do que se passou. A segunda talvez 10-15%, sendo os restantes 5-10%% devidos a outras razões.
E porque segunda era feriado e muitos sao trabalhadores e quiseram umas ferias merecidas.
Também é verdade. Mas é preciso ver que as eleições europeias têm tido sempre uma afluência muito mais baixa do que as legislativas e as autárquicas. Aliás, eu detesto ter de admitir isto, mas é aqui que se vê que o eleitorado da IL é de facto mais instruído. Ir votar é uma questão de civismo e de respeito pelo regime democrático, fora o resto.
É instruido mas sao levados na cantiga.
É o problema de não terem de conviver e lidar com os "seres humanos como nós" numa base diária. Para o melhor e para o pior, "longe da vista, longe do coração".
Ja agora viste o que o Carlao disse do chega? Lembrei-me que ele disse o mesmo do PNR na altura https://www.dailymotion.com/video/x6bc9tv, agora ja nao pode dizer isto que ja nao é um apoio residual ao Chega como era ao PNR. Ainda bem que o pessoal ta a dizer mal dele, na altura ninguem disse nada.
Já me tinhas perguntado isso ontem... respondi-te algumas postas mais abaixo.
Repensando sobre este tema, qual seria a abordagem do Chega para ver o que falhou e como melhorar.
Repara, eles apresentaram um candidato mau, mas depois o discurso mudou em relação a muita coisa, e apresentaram a CPI contra o Marcelo.
Que julgamento fazer disto.
Já agora:
https://www.reddit.com/r/portugal/comments/1de6azj/voter_turnout_in_2024_european_elections/#lightbox
Fomos dos que menos votamos, como é que com estes dados todos o Chega vai tirar daqui alguma conclusao?
Eu honestamente acho que o Ventura vai ser mais leve com o Marcelo.
«Eu honestamente acho que o Ventura vai ser mais leve com o Marcelo.»
Espero bem que não, porque isso seria o princípio do fim do Chega. De forma alguma o partido pode moderar-se.
«Fomos dos que menos votamos, como é que com estes dados todos o Chega vai tirar daqui alguma conclusao?»
A única forma de fazer alguma coisa com pés e cabeça é interrogar directamente as pessoas, i.e. fazer uma sondagem com uma amostra representativa. Os dirigentes do Chega, que agora têm mais algum dinheiro do que tinham há uns anos atrás, deviam usar uma parte desses recursos para interrogar uma série de pessoas que votaram nas legislativas, mas depois não foram votar nestas europeias. É a única forma de ter alguma certeza quanto ao que aconteceu.
Sem isso, tudo o que restará será do foro conjectural e opinativo. E como dizia o Herman José: “as opiniões são como as vaginas, cada uma têm a sua, e se quiser dá-la, dá-a!”
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