Como vai sendo habitual, o Observador da direitinha criou mais um "votómetro", desta feita para as Eleições Presidencias de 2024 (EUA). Fiz esse "votómetro" e deixo aqui os resultados que obtive:
Como sempre, o resultado deixa-me algo surpreendido pela enorme percentagem de correspondência entre mim e a Kamela (25%). Não me parece possível que eu tenha um quarto de opiniões políticas em comum com a criatura, e posso prová-lo, reproduzindo aqui as respostas que dei às 16 perguntas do "votómetro":
«1. O congresso deve aprovar uma lei nacional que assegure o direito à interrupção voluntária da gravidez em todos os estados norte-americanos, restaurando as protecções do Roe v. Wade.»
Discordo totalmente.
«2. A compra de armas pelos cidadãos para uso pessoal deve estar sujeita a mais restrições.»
Discordo totalmente.
«3. Os impostos devem ser aumentados para as pessoas cujos rendimentos estejam no Top 2%. (Nota: o Top 2% são as pessoas com rendimentos superiores a 400 mil dólares brutos por ano. Actualmente, a taxa é de 35 a 37%).»
Discordo totalmente.
«4. O governo deve perdoar parte dos empréstimos efectuados pelos cidadãos para pagar as propinas universitárias.»
Discordo totalmente.
«5. O Estado deve oferecer um seguro de saúde público para todos.»
Tendo a discordar.
«6. Uma das principais prioridades deve ser aumentar as deportações de imigrantes ilegais nos EUA.»
Concordo totalmente.
«7. Os EUA devem continuar a dar apoio militar e financeiro à Ucrânia.»
Tendo a concordar.
«8. O governo deve aumentar substancialmente as tarifas relativas a importações, de modo a proteger indústrias e emprego nos EUA, mesmo que tal implique uma subida dos preços para o consumidor.»
Tendo a concordar.
«9. A decisão do Supremo Tribunal em declarar inconstitucional a discriminação positiva por raça/etnia nas admissões à universidade foi positiva.»
Concordo totalmente.
«10. Donald Trump não tinha razões suficientes e legítimas para contestar a eleição de Joe Biden em 2020 e deveria ter concedido a eleição.»
Tendo a discordar.
«11. O governo federal deve realizar grandes investimentos para ajudar a transição climática, tais como investimentos na produção de energia limpa.»
Discordo totalmente.
«12. O Congresso deve aprovar uma lei nacional contra a discriminação das minorias sexuais LGBTI+ na saúde, habitação e educação.»
Discordo totalmente.
«13. É necessária mais regulação da Inteligência Artificial por parte do Estado, mesmo que isso reduza a velocidade da inovação.»
Tendo a discordar.
«14. O Estado deve apoiar financeiramente os pais para que estes possam escolher se querem que os seus filhos frequentem uma escola pública ou privada, por exemplo com um cheque-ensino.»
Tendo a discordar.
«15. Os EUA devem apoiar as políticas do actual governo de Israel em matéria de segurança e defesa.»
Tendo a discordar.
«16. O governo federal deve baixar os impostos sobre as empresas.»
Tendo a concordar.
Em relação aos ponderadores, eu escolhi dar mais peso (+) às questões 6, 9 e 12, mantendo as restantes neutras (=). Ora, no conjunto destas 16 questões, há apenas uma em que eu tendo mais para o lado da Kamela do que para o lado do Trump, que é a questão do apoio à Ucrânia. Isto daria uma correspondência de 1/16 ou de 6,25%.
Porém, admitindo uma penalização de meio-ponto nos casos em que respondi "tendo a discordar" em vez de "discordo plenamente" (ou "tendo a concordar" em vez de "concordo plenamente"), o máximo que eu deveria ter obtido seria: 1 (0), 2 (0), 3 (0), 4 (0), 5 (+0,5), 6 (0), 7 (+0,5), 8 (+0,5), 9 (0), 10 (+0,5), 11 (0), 12 (0), 13 (+0,5), 14 (+0,5), 15 (+0,5), 16 (+0,5). E, por conseguinte, a minha afinidade máxima com a Kamela seria de 7/16, ou 43,75%.
E como eu atribuí mais peso às questões 6, 9 e 12, teremos de subtrair um ponto por cada uma dessas questões, ficando com apenas 4/16, ou os tais 25% que o teste me dá.
Devo dizer que estes números, a confirmarem-se, tornam os resultados do teste bastante duvidosos. Por exemplo, não tem muita lógica que a soma da minha afinidade com o Trump (82%) e da minha afinidade com a Kamela (25%) dê mais de 100% (107%). Isto significa que há uma certa sobreposição das posições dos candidatos, o que não deveria ter sido considerado neste teste.
Um teste político deve clarificar, não confundir, pelo que as percentagens obtidas deveriam ser complementares, i.e. mutuamente exclusivas. A questão 15, por exemplo, é altamente enganadora, uma vez que ambos os candidatos apoiam Israel, não havendo diferença substancial nas suas intenções, apenas nas declarações - e, mesmo assim, pouca. Por conseguinte, esta questão não devia ter sido incluída no teste.
Resumindo e concluindo, este tipo de exercícios tem algum mérito, mas deve ser interpretado de uma forma extremamente cuidadosa. Convém nunca esquecermos que os mé(r)dia arranjam sempre forma de nos tentar aproximar dos nossos inimigos e de nos fazer acreditar que temos mais em comum com eles do que temos na realidade.
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