Se o caro leitor, assumindo que o caro leitor é um cidadão médio, tiver sobreiros na sua propriedade e pedir para os abater, o seu pedido só será atendido se tiver um amigo "bem posicionado" no aparelho de Estado. Mas nem todos os cidadãos têm esse problema, é tudo uma questão de verdinho:
«A expansão da área industrial de Sines para a instalação de quatro grandes projectos industriais previstos para a região vai implicar a desflorestação de uma área total de 74,8 hectares. A informação consta do resumo técnico do projecto de desflorestação colocado em consulta pública pela Aicep Global Parques, a empresa pública proprietária dos terrenos.
Esta área está dividida em quatro lotes que serão ocupados por dois projectos do consórcio Madoqua, um de hidrogénio e outro de amónia, pela fábrica de baterias da Calb e pelo parque de painéis solares associado à reconfiguração industrial Repsol Polímeros. São todos investimentos internacionais ligados à transição energética e classificados como PIN (potencial interesse nacional) e representam investimentos totais de mais de 4.000 milhões de euros (Calb — 2.000 milhões, Madoqua — 1.000 e 500 milhões de euros e Repsol — 670 milhões de euros).
(...)
Na área a desflorestar foram identificadas 12.415 árvores a abater, sobretudo pinheiros, para além de 1.034 sobreiros, o que perfaz 13.449. No entanto, o resumo técnico do estudo de impacte ambiental admite que o projecto envolverá globalmente o abate de um total de 2.475 sobreiros, dos quais apenas 10% são adultos e a maioria são jovens. O sobreiro é uma espécie protegida e o seu abate obriga a medidas de compensação, estando prevista a plantação de 11 hectares de exemplares numa área próxima.»
3 comentários:
É triste mas é o que temos.
Sei que a C. M. de Gondomar, tem a abertura de uma variante que vai de 'Águas Santas/Santa Rita' para a Circunvalação (Bº. S. João de Deus/Areosa), embargada por causa de 1 sobreiro, que não pode ser cortado e está no meio do traçado da estrada.
Porém, acho que ninguém se lembrou de mudar o sobreiro 5 ou 6 metros para o lado!... Ou, fazer um pequeno desvio do traçado da estrada!
Isto é ridículo, mas enfim...
É mesmo ridículo! E nem sabes as broncas que tem havido no interior do país por causa dos sobreiros, porque, sendo árvores que consomem muita água, levam a disputas intensas em zonas de vinha e até de olival.
Agora, o que me irrita nesta história é a hipocrisia: se eu quiser cortar um sobreiro, é praticamente impossível, mesmo passando anos em processos burocráticos na câmara municipal, no IFAP, no ICNF, etc.
Já estes mamões amiguinhos dos xuxas e dos laranjinhas podem cortar mais de um milhar sem problema! 🤬
Pois!
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